quarta-feira, 5 de agosto de 2009

São 20h32 e faz quatro minutos que abandonei o velho estendido no chão…quem sabe para a solidão mais profunda da noite, quem sabe para a perdição sem encontro (do velho provinciano e de boca seca). Disfarcei-me da minha humanidade tímida, quinze metros à frente, à espera de outra humanidade ousada.

Esta cidade, nesta praça principal, pegajosa e abafada no quadrado de prédios vazios, escoa os marinheiros defuntos para o rio escondido entre duas margens eufóricos pela soberania descontrolada e desorganizada. São 20h34 e sento-me num banco novo do comboio, na carruagem que teve direito a prémio, enquanto as outras ainda vingam pela operação plástica. A imagem do velho já está longe, depois de passado o túnel. Ao ver-se a luz no final do túnel, há sempre o sonho de ser outro o destino, de serem outras as paragens e de serem outras as pessoas tristes.

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