Hoje foi o dia de abertura inaugural das Festas de Lisboa. Apesar de ter chegado em atraso, ainda fui a tempo de presenciar o concerto na Praça do Rossio que foi pontuado pela presença do grupo francês Les Balayeurs du Désert que, ao que me foi dito, em língua portuguesa significa Os vassoureiros do Deserto.
O programa de inauguração parece dicotómico em relação ao resto da programação e àquilo que se pretende celebrar: a cidade de Lisboa. Desde arraias ao fado, a programação vai ter muito desse lado típico e festivo que se quer em Lisboa no Verão. A sardinha, o manjerico, as vozes quentes, os jardins ou os eléctricos, são imagens que nos impregnam com uma aura lisboeta, para uma sociabilização festiva que amorteça ou faça esquecer, por instantes, os tempos críticos que vivemos. Ora, esta programação inaugural, com um grupo performativo da Argentina, um grupo de percussão de Itália e um concerto de um grupo francês parece transparecer uma vontade cosmopolita, pela parte da Egeac, de trazer às festas de Lisboa, um certo internacionalismo cultural e artístico à capital portuguesa. Sem querer tirar o desmérito da iniciativa (porque é sempre bom ver as pessoas mobilizarem-se para o centro da cidade, em festa) e sem querer cair em fundamentalismos ou críticas vazias, pelo que vi, no Rossio, os franceses estiveram aquém de criarem uma relação genuína com o público, distraído com a “Máscara Urbana” (um grande véu urbano) que descia por cima deste. O balanço discreto do público, estimulado pelo ambiente festivo, não foi reflexo do que seria talvez um concerto de um tal grupo português. Lembrei-me de muitos nomes de grupos que poderiam vir aqui e saberiam fazer desta festa aquilo que ela de facto merece ser.
Seria preciso pôr as gentes a cantar, a trocar uns passos de dança, reconhecível e identificável em nós e para nós e, ponto essencial, numa altura de crise em que é preciso relevar os nossos elos identitários e culturais.
Mas, à parte disto, viva as Festas de Lisboa!
Sem comentários:
Enviar um comentário