sábado, 12 de novembro de 2011

Going Green: art is a way

Fala-se dos problemas ambientais e das mudanças climáticas. Relatam-se as catástrofes naturais onde contam mortes, os danos psicológicos e económicos, parecendo-nos uma espécie de vingança apocalíptica da Natureza à Terra que insiste em desfrutar egoísta e perversamente os recursos finitos e frágeis que aquela nos oferta.

A arte, com a sua militância política e consciencializadora, pode ter um papel activo de sensibilização e alerta para esta temática, através da estética, quer seja mais ou menos científica, mais ou menos poética, mais ou menos agressiva, através da mensagem e do apelo, explícito ou implícito.

Derivado de uma leitura da crónica Going Green, por Robert Butler, publicada na recente edição da revista Intelligent Life, pude perceber como a arte, nas suas diferentes formas de expressão, pode actuar fora dos clichés catastróficos da Natureza. A sua abordagem ao tema faz-se de uma forma visionária através dos ideais de resiliência, da sobrevivência, da adaptação e da improvisação.

Robert Butler diz: If sustainability is about one thing, it’s about survival. Esta capacidade ou competência para a sobrevivência, reflecte-se nas criações artísticas e o autor exemplifica isso com o célebre conto d’As Mil e Uma Noites. Neste conto, o rei da Pérsia, Xariar, tinha como costume dormir com uma virgem cada noite, para matá-la na manhã seguinte. Perante este facto, a heroína e “sobrevivente” do conto, Xerazade consegue sobreviver ao estratagema sanguinário do Rei contando-lhe todas as noites uma história. Curioso por estas histórias, o Rei vai poupando a vida de Xerazade até que este revela o amor que sente por ela. Butler remata assim: By surviving, Scheherazade shows that art not only reflects the world, it changes it too.

Tendo este artigo como ponto introdutório, gostaria de sublinhar e de congratular um projecto original de sensibilização para o nosso património natural e ambiental: Sons do Arco Ribeirinho Sul, desenvolvido pela Arco Ribeirinho Sul S.A. e pela Associação Cultural OUT.RA. Através de um trabalho de recolha e captação etnográfica sonora e visual no concelho do Barreiro, o artista fonografista Luís Antero realiza um vídeo de paisagens sonoras. A poesia visual e a composição natural dos sons revelam-se um documento patrimonial e ambiental, abrindo a “porta a um novo mundo de escuta e atenção ao património ambiental do Concelho do Barreiro”.

Este é um exemplo vivo de "sobrevivência" e adaptação, criando uma nova forma de esperança e de resistência.
               

Sem comentários:

Enviar um comentário