sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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in Público, 23 de Janeiro de 2009

Intervenção pública polémica em área protegida de Sintra-Cascais:
Corte de árvores na serra de Sintra suscita dúvidas técnicas


O corte de arvoredo na serra de Sintra, nas tapadas entre a rampa da Pena e a estrada para os Capuchos, está a preocupar técnicos e ambientalistas por ameaçar a "vivência" da Paisagem Cultural classificada pela UNESCO. A Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) justifica a limpeza com o corte de infestantes e a prevenção do risco de fogos.A EN 247-3 liga os cruzamentos da rampa da Pena e dos Capuchos. Ao longo de uma dúzia de quilómetros com curvas, a estrada atravessa (no início) e delimita (uma boa parte) a zona património mundial. Algumas zonas, principalmente junto aos muros do parque da Pena e mais próximo do acesso ao antigo convento, eram ladeadas por uma densa área florestal.Este cenário foi radicalmente alterado nas últimas semanas, mediante o corte da maioria das árvores numa faixa de várias dezenas de metros a partir da via pública. Onde antes a vista repousava num manto verdejante, composto por espécies variadas, das folhosas autóctones às infestantes exóticas, restam clareiras com o terreno revolvido, com cotos de troncos de pequeno porte. Os escassos restos por retirar, na Tapada de Monserrate, permitem identificar o abate de alguns cedros de grande porte e aparentemente de boa saúde fitossanitária.
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"As intervenções realizadas nas tapadas da serra contrariam todas as orientações preconizadas pela Autoridade Florestal Nacional", considera Carlos Albuquerque, ex-director do Parque Natural de Sintra-Cascais. O também antigo administrador da PSML, sociedade pública que gere os parques e monumentos da serra, entende que "as acções estão a pôr em causa a própria vivência" de Sintra, e que a "desarborização completamente injustificada" ameaça a biodiversidade na área protegida e aumenta as condições para a proliferação de infestantes e a erosão dos solos.
"Estamos de acordo que se cortem as silvas, mas as árvores que fazem parte da paisagem não podem ser cortadas de qualquer maneira, através da aplicação cega da lei", comenta, por seu lado, Adriana Jones, da Associação de Defesa do Património de Sintra, que vai questionar o ministro do Ambiente sobre a forma como os trabalhos foram acompanhados numa área património mundial e de um parque natural. "Há espécies autóctones que dependem das condições de humidade criadas pelas situações de ensombramento, o que também pode reduzir o risco de incêndio".

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