terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

E Lisboa...

A minha cidade tem estendais e roupas de todas as cores. A minha cidade chia quando o carro roça o passeio e a saia esvoaçante de uma jovem bela que passeia ao sol da tarde. A sombra esconde-se sobre o muro ardente de uma igreja velha e esquecida, com o sino atrasado e melancólico que bate as horas sem som. Esta cidade que não é minha, mas que me está no caminho, é típica, o quanto baste (como numa receita de culinária). Ou a mais! Para aqueles que não sabem quanto é que basta. Ou até quando bastará. Tudo basta porque há rio e depois há o mar que se abre para o horizonte e derrama a sua água pelo infinito. E, antes disso, há carris a fumegar da idade e velhinhas que escondem a cabeça por baixo de um lenço, para que a memória não caia pelas ruas da descrença e ande aos trambolhões pela calçada e pelos pés dos miúdos, como uma nova bola de futebol.
Há arcos e azulejos e terra seca em vasos esquecidos na margem privada de um passeio de todos. Há o espanto abafado pelas cortinas floridas das janelas abertas, à hora do almoço, e a ordem ecoada para fora: para que o menino venha comer. O menino insiste à volta das pedrinhas. Já nem se lembra da fome.

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