segunda-feira, 27 de abril de 2009

Liberdade

Dou esta flor porque é a única coisa possível de dar nesta praça quadrada de pedra, prédios e mesas de mármore velho. Dou esta flor, agarrada ao meu corpo de pétalas em Primavera. Dou esta flor em extensão à minha cabeça latejante de ternura. Dou esta flor para matar essa arma, para entupi-la de pólen alérgico. Não dou mais nada porque não consigo suportar a ironia da minha dádiva. Queima-me as roupas de angústia pesada e penso que talvez pudéssemos ter sido iguais: se tivéssemos sido irmãos, vizinhos ou vivido a mesma infância a brincar com as mesmas pedras da rua onde cairíamos em paixões e seriamos os melhores amigos. Mas estás-me a apontar uma arma.
Tens o poder de matar-me e eu tenho o poder de amar-te.

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