quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010


Para onde parte este braço, parte de corpo que não vejo nem sinto? Que coisas inexplicáveis aconteceram-me até aqui? Em quantos desastres tive de pensar para realmente ficar sozinha, entre a escada e o passeio, agarrada ao corrimão, em direcção ao fim da escadaria que espreita o céu e ninguém? Em quantas negações fui perdendo os amores? Em quantos bolsos rotos enfiei as mãos na esperança que eles se tivessem cosido, no segredo das linhas? Será que o meu coração também voltou a coser-se (enquanto dormia) e retocou os rasgos da minha carne? Será que o meu coração me concede outra vida?

Agora preciso de agarrar em todos os poemas que adoro para voltar a fechar-me nesses livros e sentir como as palavras me beijam a face de forma permanente. Mas lembro os beijos matinais, em que eu espantava as horas ainda pestanejando sonhos para o largo da cama. Mas lembro todos os poemas abertos sobre a mesa…que líamos em voz alta, sobre a voz da rádio.

Que resoluções deixei cair, como a maça que tomba pelo saco até à deriva dos pontapés da água? Quem se agachou primeiro porque não fui eu que a tirei de lá…como o meu amor que anda aos tombos, abandonado nas fileiras de água desta cidade, sem saber onde se esconder?
Foste tu? Ou alguém de quem não sei nome nem morada...?





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