quarta-feira, 17 de março de 2010

Nós que não somos um dueto

Que sabes tu dos copos que ontem sorvemos, das conversas interrompidas ou por quem nos apaixonámos…que sabes tu das dores que trago no corpo, dos números que marco para falar ou os livros que folheio em busca da resposta no meio de outras respostas…que sabes tu de minhas horas ou dos meus ensaios de tubo erguido ao céu e das poesias em que me perco e cada vez mais de ti…que sabes tu de nós…nós que continuamos de mãos dadas, mesmo aos arranhões, no meio de história lenta…mas como não nos procuramos em heróis, despejamo-nos em amores desiludidos…já não questiono as distâncias das minhas perguntas até aos teus livros rascunhados de teorias porque já não me importo com a inutilidade de um sentimento líquido jorrado em rios que não passam no teu país…país em que sais para países nessa arrogância de abandono altivo...ao menos que a alma viaje contigo…por isso (não estarás onde quer que estejas, nesta viagem virtual) desliguei-te. A nós, para nós (os outros que continuam), fui até à província com calçado castiço e puxei a manivela enferrujada, para que o nosso comboio passe a horas e possamos puxar os cabelos nestes amores desiludidos mas corajosos.

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