segunda-feira, 5 de abril de 2010

Não me avisaste que ia sentir-me assim, em espalho como esta água está no mundo. Ninguém calou o meu impulso carnívoro e eu soltei jorros com a ansiedade de virgens que saltam para a cama do estranho que prometera-lhes eterno amor. Tiraste-me desta fotografia, em plena explosão de força e não soubeste trancar-me a torneira dentro do peito descosido. E agora? Vou ficar para sempre a pingar? Vou alagar cada casa onde me assento? Vou molhar as toalhas onde como as refeições que o meu corpo aceitar?

Um dia, vens coser-me o peito? Trazes a linha que está na caixa de madeira velha a ranger sobre a mesa-de-cabeceira, ao lado dos pares de dançarinos por cima do gira discos. E se te lembrares, na altura, volta-me a pintar uns lábios e umas sobrancelhas para parecer mais igual às gentes. Depois, estica-me ao sol. Que bem que vai saber! Estica-me ao sol para voltar a prender os meus cavalos dentro de mim e sossegar o meu coração de corda.

Um dia, vens?


Sem comentários:

Enviar um comentário