quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aceita, se puderes, o corpo mudo com o meu abraço em sangue
Aceita, se quiseres, as flores que sopro dos meus vasos secos
Aceita, quando quiseres, a rouquidão na minha linguagem ingénua
Aceita, enquanto vivo, aquilo que não tenho para dar a ninguém
Aceita, entre mundos, o casamento das dúvidas sobre a palma da tua mão
Aceita, enquanto peço, a força que me resta para mexer os lábios
Aceita, ou como preferires, este buraco onde pousam corações
Aceita, se não te aborrecer, a imperfeição das minhas costuras
Aceita, só se não quiseres escutar, o canto que sai debaixo da minha língua
Aceita que foi parte de ti quem escreveu estes versos

Aceito a presença de todo o contrário
Aceito a ausência e escrevo contra ela
Aceito a minha violência
Aceito a pequena luz que ilumina a tranquilidade na solidão
Aceito que só contigo possa queimar este poema

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