sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

As Casas (onde vivemos)

CASA 1

Sobe comigo e seremos como dois leões em busca da selva queimada. Outrora havia uma casa, entre árvores e soles matinais escorregadios entre as frestas desajeitadas da casa. O suor espremia-se contra os tecidos e as mãos afagavam o calor que comia a manhã.
Sobe comigo e daremos os braços entre dois pássaros guardiães da terra esquecida, onde não existe invasão. Quando o trabalho sucumbir os animais na preguiça da tarde, comeremos pães embebidos em álcool amoroso e chás divinos espremidos das folhas das plantas ou flores nascidas e envergonhadas por tanta luz.
Enquanto a vida vivia lá fora, nós tinhamos uma cama enroscada na parede, entre o chão e o tecto, dentro da casa que outrora havia. Como os gatos que se perdiam entre os potes desalinhados, nós enfiávamo-nos dentro da nossa terra para germinarmos juntos uma floresta luzidia, com ramos que chegassem até ao outro lado do mundo, até ao infinito do mar ou até ali tão perto, onde nos sentíamos em casa.



CASA 2

Quando eu for grande, quero ser bailarina para poder trepar às árvores e dançar como uma folha e para, no Outono, deixar cair-me numa queda lenta e renascer como um cogumelo vermelho, talvez venenoso, com um chapéu inchado apontado para o céu. Se chorar, virão chuvas para aparar a tristeza.


CASA 3

Onde é que tu vives? Dá-me a tua morada senão eu desespero, eu morro em procura ou vivo em todas as moradas que tu possas habitar. Dá-me a tua morada porque eu quero muito visitar-te para olhar-te entre o teu sofá e a tua cozinha, ver a tua movimentação despreocupada no ritmo intemporal. Dá-me a tua morada para que eu te possa amar, sem ter só de me lembrar. Dá-me a tua morada para que possa meter o meu amor no correio, sempre que estejas longe, e enviar-to.


CASA 4

I loves you Porgy
Don´t let him take me
Don´t let him handle me
And drive me mad
If you can keep me, I wants to stay here forever
With you forever and I´d be glad
I got my man

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