desenlacei a minha âncora
e carreguei o meu navio por esse mar fora
que não se basta em água e sal
ou teria optado ser vapor de alga em efervescência
queimada pelo último sol que entra
nas cavernas que vivem em mim
como receptáculos de mal imaginado e ousado
já nem falo por estes olhos
quando só circulam dentro do seu mundo
e são duas chamas que rasgam carne
por terra adentro
POUSA-ME NESTE INSTANTE
em que nada se pensa
e nada existe
DEIXA-ME ALAGAR ESTE MOMENTO
dentro de mim para que eu seja rio
e nasça e me liberte no mar
como asas que abrem para roubar do ar
o peso da vida
encostei-me ao pormenor
até dos vincos dos lençóis
e já apalpo com os dedos dos pés
porque não consigo controlar este corpo
de espinho e flores de cactos
quem escreveu o que deveria ser…
quem disse o que é o importante…
SE A CABEÇA FICASSE EM SILÊNCIO
COMO SERIA ESTA MÃO?
talvez mais um traço em fúria a tentar saltar
para esmagar solo
com todas as forças que se agarram ao chão, eu salto
para que nada me apare e,
quando tu cais comigo,
és tu que me levas
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