quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Massas de Bronze

Gostaria que, por vezes, não me despertassem a memória. Em jeito de crónica desajeitada, sem papel que a suporte, os meus mandamentos mundiais ainda proclamam salvação. Hoje foi dia para golfinhos, bem longe do mar onde me banho, mas mesmo assim salvos por pescadores de mangas cortadas e esperançosas. Vi um vídeo que me despertou a memória do enterro, do negro, da escuridão, com oposição vincada à cor da luz dourada em que há esperança e fé. O sol que se reflectia no mar, também salgava a minha fronte e deixou-me as pontas dos dedos mirradas. E os golfinhos, como sempre, são esses animais coroados de nobreza e bondade, salvos pela mão humana de uns homens arriscados a tentar, nos seus simples barcos, com uma ideia nova: guiá-los para o alto mar, onde há todos os mares e céus para quantos golfinhos vierem juntar-se. Mas a memória, de todos, deleita-se com as aventuras promissoras, mas esconde-se para os desastres. Ao menos que ainda haja uma aventura, pousada sobre a minha mesa, ao pequeno-almoço. E que haja uma agenda para encher-me, encher-nos, de programação espiritual.
Do contraste assim nasce a luz, forte e vigorosa, cheia de raízes em mim, para que possa largar os meus frutos maduros, pelas ruas, pelas alamedas e veredas, e pelos canteiros onde ainda possa haver novas árvores ou frutos gigantes. E para que haja outros golfinhos que também possam ser salvos desta terra, num salto, para o mar que lhes pertence: o alto mar, acima de toda a terra, entre os azuis que se fundem ardentemente e se cruzam como pernas de amantes.

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