quinta-feira, 12 de março de 2009

Só suposição...

Lembra-se vagamente de tê-lo ouvido falar de perfeição. No entanto, nunca saberá se ele se referia ao destino ou a certezas. Naquele momento, só a matéria dava-lhe algumas certezas e, talvez, também ele desaparecesse ou quisesse fugir. Tudo o resto, estava incerto como o plano dos chãos e dos passeios. Se pensava em perfeição, sentia eternidade no vazio, um vácuo crescente. Possivelmente, o tal alemão fingido de indiano falhara nas suas suposições ou, então, ele terá falhado nas suas escolhas. No final de contas, foi apenas um estranho que lhe pegara na mão e falara-lhe de uma infância que não foi a sua. Ou terá sido?
Talvez tivesse acontecido em sonho. Talvez tivesse sido ele no monólogo do seu sono, a encontrar as palavras que desejava ouvir. Mas o toque desaparecera. E as linhas das mãos continuavam indefinidas, como sempre haviam sido. Ouvia a voz do indiano contar-lhe todas as histórias e ele sentia-se cada vez mais longe, no outro lado oposto do mundo. Agarrava-se ao corrimão para sentir as escadas que não queriam acabar e que o elevavam a uma subida em descida. Sentia-se inexplicável e só apetecia-lhe gemer, encostado ao cão para que também pudesse transformar-se em cão e, quando ganisse, algum estranho lhe fizesse uma festa.

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