segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Viagem nas tuas viagens. I.

Vigio a minha própria segurança, enquanto peça cuspida do preto das curvas. Sinto-me à beira da noite, quando estico as pernas e, pela perspectiva da ponta dos meus pés aborrecidos, a outra parede está em continuação às curvas dos meus tornozelos. Que acontecerá a todo este espaço no silêncio da madrugada? Sei de cor que não existem arestas, para onde fixo os meus cabelos encaracolados, sei de cor o toque da pele desta cobra gigante, sei de cor o som dos passos à minha frente, sei de cor o abraço destes braços que abraçam o meu silêncio. Já conheço todas as sombras, menos a minha sepultada na parede branca manchada pelas gotas do meu pensamento.

Vigio o espaço do chão ao tecto que às vezes confundo no céu, quando saio daqui e o sol é tão forte que encandeia todos os sentidos. Saio vestida noutras cores para apagar o preto e o branco que vingam a modernidade de um novo cinema ao vivo, onde sou a projeccionista.

Sem comentários:

Enviar um comentário