Estou cansada deste calor, de sentir este abrasador colado ao meu corpo sobre esta ombreira desprotegida na rua de calçada velha, roendo as angústias em sonhos tristes. Se fosse como a pessoa que não existe na cadeira, poderia baloiçar as costas num vagar arrepiado e sentir os músculos tensos, aconchegados nas mangas compridas de lã e pensar imaculadamente como o redor silencioso. O manto de neve estala-se como pedaços de cerâmica sobre os meus passos incalculáveis e eu continuo sentada sobre a ombreira, em viagem pela tua paisagem, sedenta de gelo e do alpendre onde escondo o meu descanso.
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