domingo, 4 de outubro de 2009


O monstro anda nuns modos mais pensativos, mais pasmados perante o que se ouve e o que se discute sem conteúdo. O monstro tem andado sem ter que dizer, mas muito para remoer sobre as horas que passam e puxam o lustro à sua raiva. E tem tentado pular a cerca, atrás de qualquer coisa ou de uma resposta clara e directa, por trás deste dourado que vai deixar-lhe saudade. Mas aquelas traseiras de pomar são tão lindas e os vizinhos têm pés de domingo madrugador, que ele acaba por não importar-se da preguiça que parece não querer acabar. Se calhar, acaba por desleixar-se com a importância dos assuntos, mas só apetece-lhe enfiar a cabeça viscosa na terra e respirar o ar molhado da terra e cantar os hits da sua história neste mundo.

"Au revoir! …aqui está escuro, mas ouço as músicas e os meus pianos desdentados, e vejo as teclas caídas da concertina e as cordas embrulhadas na caixa de violino. É demasiado pequeno para a bateria, mas posso marcar o ritmo."

E o monstro demorou muito tempo, de cauda no ar e cabeça debaixo de terra, escondido do azar e abençoado com a escuridão da terra, cheia de relâmpagos de magias subterrâneas.




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