Já não há pombos a quem dar de comer. Já não há quem me solidifique na solidão espectral dos dias vazios. Sem pombos e sem pessoas. Bem me posso torcer neste corpo de massa para aconchegar os casacos no corpo magro, mas o frio agoniza a minha expressão e as minhas mãos vividas, apertadas numa contra a outra para não deixar escapar o reservatório das lembranças. Não sei se diga adeus ou deseje um bom dia, na frescura tardia das horas. Não sei se o dia de ontem pode-se repetir na recordação dos dias passados, mas não alcanço memória dos anos passados, na companhia de uma família, agora crescida e posta em retrato. Assim, guardo as lembranças porque as lembranças são sentimentos doces que o prazer deixou-me gravadas. Mas a memória?! Fui destruindo-a porque foi-me imposta pelas escolhas que eram únicas opções, naqueles tempos em que o coração mentia-me descaradamente.
Agora, já nem aos pombos posso dar de comer. Pode ser que eles voltem amanhã, para variar.
Agora, já nem aos pombos posso dar de comer. Pode ser que eles voltem amanhã, para variar.
Que bom lêr-te, gosto especialmente deste texto.
ResponderEliminarBiz! Al
O quê? estou estupefacta! um comentário neste blog?! Estamos agradecidos. Monstro Lda.
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